Durante muitos anos, em época de eleições, sempre me fez confusão ver o entusiasmo esfuziante dos apoiantes dos partidos vencedores, seja na sede de campanha, seja na rua a agitarem bandeiras e cachecóis, como se tivessem acabado de ganhar um campeonato do mundo de futebol.
Pensava eu para comigo: "Mas esta gente está tão contente porquê? Não percebem que mudam as moscas, mas a merda é a mesma? Seja rosa, seja laranja, esta desgraça de país não vai melhorar por causa dos pançudos que foram agora para o poleiro...mas gabo-lhes o optimismo!".
Anjinho, eu não passo de um anjinho.
O que esta gente festeja não é a perspectiva de melhoria da situação político-económica do país. Nada disso, nã nã nã ni não.
O que esta gente festeja são os tachos que lhes estão reservados: um vai ser assessor não sei do quê; o outro vai fazer parte do comité para qualquer coisa que pouco interessa mas que tem um nome pomposo; o outro vai para chefe de um serviço de finanças quando levou quatro anos a acabar a cadeira de Direito Fiscal - e acabou com 10! E por aí em diante.
E não é razão para festejar? Ó se é.
5 comentários:
Sempre fiquei confusa com a mesma situação. Lembro-me mesmo de ver os meus vizinhos a festejar lá no bairro com buzinadelas e bandeiras, num histerismo que eu nunca entendi.
Acho que nem no futebol eu via coisas assim.
Depois cheguei à mesma triste conclusão. Os meus vizinhos tornaram-se então directores de não sei quê, adjuntos de não sei quê mais, chefes de uma treta qualquer.
O importante é ter a bandeirinha...
Lamber cus durante anos e anos também tem que valer para alguma coisa...
Ainda por cima os tachos esetão cada vez mais dificeis de arranjar, pelo qualquer um que apareça é sempre bem vindo.
Essa dos tachos é um bom pensamento. No entanto, visto que estamos num país em que se vota nos partidos como se de clubes de futebol se tratassem (nasce sócio do Benfica, é do Benfica até morrer, independentemente dos resultados), faz sentido que se festeje como quem ganha um campeonato.
@Jedi
Mais difíceis? Olha que não sei se será assim. Vejo com cada coisa.
@Rui Pi
Também é verdade, mas mesmo assim defendo a teoria dos tachos. É que não encontro outra explicação plausível para tamanho entusiasmo.
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